Marcos Brandalise | 17/04/2020 07:46

17/04/2020 07:46

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Ainda sobre a covid-19. Um vírus contra todos; todos contra o vírus

“Fulano” não usa máscara porque entende que isso é um “problema dele”. Errado. “Ciclano” usa máscara porque entende que isso é uma “proteção para ele”. Meio certo. Esse é somente um exemplo de muitos, mas é perfeito para a análise daquilo que no direito chamamos de direito difuso e coletivo. Perfeito para a compreensão e para o momento.

O vírus ataca a todos, indistintamente. Ele não tem um “dono”. Ele não está contra “fulano” ou “ciclano”. Pouco importa. Mas existe e todos estamos sujeitos à contaminação. Todos temos e queremos evitar a contaminação. E aqui todos significa “Fulano”, “Ciclano”, eu, você, empresas, municípios, estados, União e assim vai.

“Fulano” está errado ao argumentar que a falta de prevenção é um problema dele, pois se ele não se prevenir, poderá transmitir o vírus por meio de contato (onde encostar, pessoas que cumprimentar) e por meio de gotículas (fala, tosse, espirro), já que é um vetor do vírus. Portanto, se “Fulano” não usar máscara, higienizar suas mãos e tomar os cuidados necessários, isso é um “problema nosso”.

“Ciclano” está meio certo ao pensar que o uso de máscara somente protege a ele. Não. Evita que ele, mesmo que, por exemplo, não tenha sintomas mas tenha o vírus, transmita o vírus.

Em outras palavras, o que todos buscamos no combate do vírus é a saúde, seja do “Fulano”, seja do “Ciclano”, seja minha ou de todos. Não tem como, nesta pandemia, a proteção realizada por um indivíduo não beneficiar outro(s). Do mesmo modo, a falta de proteção de um afeta ele e a todos. Isso porque como vetores do vírus que todos (potencialmente) somos, estamos constantemente na condição de alvo do vírus (contaminados) e de transmissores.

A saúde, assim como o vírus, não tem dono. Ela é de todos e de ninguém ao mesmo tempo. Se o Estado cuidar de saúde de um, invariavelmente estará cuidando de outros, como, por exemplo, quando faz (ou deixa de fazer) saneamento básico (esgoto sanitário), em que esta obra evitará a doença de um número indeterminado de pessoas e permitirá que outros tantos gozem de saúde. Outros exemplos podem ser listados, como a natureza (a contaminação de um rio afeta a todos, não?), fornecimento de alimentos saudáveis etc.

Enfim, não é exagero prevenir. Não é demais lavar as mãos e usar álcool em gel, fazer uso de máscara, evitar locais com aglomeração e ir ao mercado somente um por família. Por você, por sua família, por seus amigos e por toda a sociedade em que vive. Não se importar com os outros, é não se importar diretamente consigo, e hoje, mais do que nunca, temos a prova disso, o vírus está aí para dizer.

 

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