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Lance Notícias | 30/06/2022 15:26

30/06/2022 15:26

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Superação: mãe conta sobre descoberta, tratamento e cura do câncer

A xaxinense, mãe, esposa e colaboradora de uma loja de cosméticos à 16 anos, Gracielle Beatriz Piccoli, de 40 anos, é um verdadeiro exemplo para a superação feminina. Gracielle descobriu o câncer de mama precoce aos 38 anos, e venceu a doença com o apoio da família e amigos. Gracielle conta que sempre realizou os […]

Superação: mãe conta sobre descoberta, tratamento e cura do câncer Fotos: Arquivo pessoal

A xaxinense, mãe, esposa e colaboradora de uma loja de cosméticos à 16 anos, Gracielle Beatriz Piccoli, de 40 anos, é um verdadeiro exemplo para a superação feminina. Gracielle descobriu o câncer de mama precoce aos 38 anos, e venceu a doença com o apoio da família e amigos.

Gracielle conta que sempre realizou os famosos checkups, foi um hábito criado por ela de pelo menos uma vez ao ano efetuar uma revisão nos exames.

— Eu sempre fazia um checkup, já tinha criado o hábito de todo o mês de junho, mais precisamente dia 21, por ser feriado de São Luís Gonzaga, e minha médica ser em Chapecó, fazia consulta de rotina e exames de sangue, preventivo e ultrassom de mama, a Dra. Mônica sempre pedia ultrassom de mama desde os meus 33 anos— conta.

No ano de 2019, quando a filha de Gracielle, a Helena, nasceu, Gracielle realizou um novo ultrassom pois estava de licença maternidade e logo voltaria ao trabalho, segundo ela os exames não mostravam nada de anormal.

Até que um dia, enquanto tomava banho, Gracielle ao lavar a axila sentiu um nódulo, mas a princípio não deu importância.

— Em maio de 2020 não lembro o dia exato, no banho e por acaso quando fui lavar a axila senti um nódulo, mas não dei importância no primeiro momento porque como estava próximo do período menstrual pensei que tinha alguma relação, mas toda vez que ia tomar banho sentia e procurava o nódulo e ele continuava lá— diz.

Foi uma disputa para decidir quem iria acompanhar Gracielle a próxima consulta para os novos exames e descobrir o que de fato estava acontecendo.

— Minha mãe e meu esposo disputavam para saber quem iria me acompanhar, até que decidimos que minha iria comigo e meu esposo aguardava no carro. Enquanto esperávamos dar o horário para entrarmos, eu já suspeitava que não era algo bom o motivo de eu estar ali, e então recebi uma mensagem do instituto de patologia, para que eu fosse até o laboratório assinar a autorização do exame de himunoristoquímica, que seria realizado em São Paulo e era necessário enviar fragmentos — explica.

Gracielle conta que não pensou duas vezes e logo pesquisou para saber que tipo de exame era aquele.

— Quando li a resposta comecei a chorar, saí do consultório e disse para minha mãe, “mãe se prepara daqui para frente vamos ter dias difíceis. Quando entrei para conversar com a Dra. Mônica eu já imaginava o meu diagnóstico. Ela foi muito calma e me explicou tudo o que estava acontecendo e que naquele momento ela não podia fazer nada. Ela me entregou uma caixa de lenço e disse chore tudo o que você quiser chorar, às 12h30 você tem consulta com a Dra. Estela, agora quem vai cuidar de você é ela e eu vou ficar aqui rezando e me mande notícias do tratamento — relata.

Gracielle comenta que muitos foram os questionamentos criados por ela, não era possível aceitar aquele diagnóstico.

—Quanto eu chorei neste dia, como me revoltei com o mundo, questionei Deus e perguntava por que comigo?  Por que agora com uma filha de um ano e seis meses, com câncer, o que eu tinha feito pra merecer aquilo? Foram inúmeras perguntas sem respostas, eu não aceitava, não acreditava que aquilo estava acontecendo comigo— diz.

Durante a consulta com a médica que passou a cuidar do caso, Gracielle disse que tudo foi muito bem explicado, e muitos exames foram solicitados, além de uma nova consulta marcada com um segundo médico que iria acompanhar o tratamento.

— Depois de ter feito todos os exames solicitados e saber qual tipo de Câncer de mama eu estava enfrentando, “o meu era o triplo negativo”, considerado o mais severo e agressivo, com características de aparecer em menos de seis meses. Então conhecendo o inimigo, foi traçado o plano de tratamento e entramos na guerra.  Comecei a ser acompanhada pela Dra. Márcia, médica oncológica. O tratamento iniciou com quimioterapia, mastectomia bilateral de mama, retirada do linfo nódulo, sentinela e radioterapia— explica.

Ao todo, Gracielle  passou por 16 sessões de quimioterapia e 25 de radioterapia. Ela explica que as sessões de quimioterapia são divididas em 12 sessões de quimioterapia branca e quatro sessões de quimioterapia vermelha.

— As quimioterapias brancas eu fazia semanalmente, todas as sextas-feiras, e as vermelhas eram quinzenais. Para preservar as veias para coleta de sangue, já que não posso mais usar o braço esquerdo pra isso, coloquei um cateter, Port A Cath, que irá me acompanhar até 2023, e as quimios eram feitas pelo cateter—diz.

Gracielle destaca que passou por toda a fase com muita fé em Deus, pensamentos positivos, bom humor e apoio da família e amigos.

— Graças a Deus consegui conciliar o tratamento com o meu trabalho, em virtude de vivermos uma pandemia e eu estar no grupo de risco, a minha médica me deu um atestado que eu estava apta para trabalhar, precisei adaptar minha rotina de trabalho e desenvolver minhas tarefas sem muito contato com o público, precisei me reinventar e procurar fazer o atendimento digital. Fazia exames laboratoriais semanalmente para ter certeza que podia trabalhar e fazer o tratamento.  Essa foi a minha melhor escolha durante o tratamento. Trabalhar manter a cabeça ocupada e não viver no mundo da doença.  Isso me fazia me sentir viva— destaca.

A rede de apoio de Gracielle foi fundamental para que ela vencesse a doença, segundo ela, sem essas pessoas chaves ela jamais teria passado de fase.

— Sozinha não teria dado conta. Minha rede de apoio sempre foi muito boa, minha mãe, meu pai, meu marido, minha irmã, meu cunhado, minha família: tias, tios, avós, primos, minhas amigas que são minhas irmãs de coração, meus amigos e colegas de trabalho.  Todos de uma forma ou de outra me ajudaram com tudo. Recebi muito carinho, orações e mensagens positivas e tudo isso fazia me sentir forte, acolhida e que eu não estava sozinha, não podia desistir, tinha que seguir firme e forte, por mim, pela Helena e por todos que estavam comigo nessa luta pela minha vida e saúde—finaliza.

Hoje Gracielle está bem, continua efetuando acompanhamento médico e exames a cada seis meses. Ela conta que devido ao diagnóstico ter sido antes dos 40 anos, o médico solicitou um exame de genética que apresentou alterações, sendo assim necessária a realização de uma cirurgia de prevenção, a histerectomia.

Em 2023 ela deve retirar o cateter e substituir os expansores da mama por uma prótese de silicone.

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